terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os Escritos e a Perspectiva de Karl Marx

Como contribuiu Marx para a Sociologia?
Karl Marx nunca se apelidou a ele próprio de sociólogo, contudo, teve uma enorme influência na Sociologia e nas restantes ciências sociais.
Fora do âmbito das Ciências Sociais, Marx é mais conhecido pelos seus escritos sobre o comunismo. 
Ele afirmava que a classe operária derrotaria a classe dos patrões, o que resultaria numa utopia em que o Estado se iria gradualmente enfraquecendo e os princípios de funcionamento da economia se baseariam na máxima "De cada um consoante as suas capacidades e a cada um consoante as suas necessidades". 
A contribuição de Marx para o pensamento sociológico foi principalmente a sua perspectiva da "Teoria do Conflito", na qual a organização social e a sua mudança se baseiam nos conflitos intrínsecos à sociedade.
Ele não definiu a perspectiva nem inventou a expressão.  Os que usam a sua perspectiva retiraram o termo dos seus escritos.
As suas noções de mudança foram construidas a partir do trabalho de um filósofo, Hegel, que desenvolveu o conceito da dialética.
Esta noção baseou-se na ideia de que tudo encerra em si mesmo as sementes da sua própria destruição, mas que uma nova forma de organização surgiria das cinzas resultantes daquela destruição.
Algumas pessoas vêem aqui semelhanças com os mitos clássicos gregos e latinos sobre a Ave da Fénix, que voa demasiado próxima do Sol e arde, e com os mitos da Criação do povo Athapaskan, oriundo das Grandes Planícies da América do Norte.
Marx aproveitou esta ideia da dialética e aplicou-a à sociedade, afirmando que as origens da mudança social são todas materialistas e não basedas em ideias ou emoções.
Nos nossos termos, isto significa que elas pertencem às dimensões culturais da tecnologia e da economia. 
À medida que a tecnologia se desenvolveu e os povos passaram de caçadores-recolectores à prática da agricultura (horticultura e criação de gado) e à Revolução Industrial, as mudanças na tecnologia conduziram a mudanças na organização social, nas crenças e nos valores.

A principal fonte de conflito social na era industrial era entre: 
  • os operários, aos quais Marx chamou de proletariado, a partir do Latim, que eram os que sobreviviam da venda do seu trabalho, e  os industriais proprietários das fábricas, a quem Marx chamou de burguesia, uma palavra com a mesma origem de burgo e burgês, aquele que precisa do trabalho para fazer lucro. 
A classe explorada era favorável e beneficiaria da mudança no sentido de uma maior equidade, ao passo que a classe exploradora resistia a esta mudança.

A SOCIEDADE PARA DURKHEIM

Para Durkhein a sociedade podia ser comparada a um sistema biológico para que a sua funcionabilidade pudesse ser melhor compreendida.
A sociedade trabalhava como um todo, porém isoladamente. Cada um em seu devido lugar desempenhando a sua função específica para que o todo funcione bem. Como em um corpo humano Cada órgão executa uma função distinta, porém todos trabalham para o seu bom funcionamento; se um dos órgãos falhar compromete todo ou parte do sistema.
 Desta maneira, para Durkhein ficava mais óbvio o papel de cada um na sociedade e por sua visão positivista ele não via o indivíduo como um ser transitório na sociedade.
Ele definia seu pensamento através de alguns conceitos:
  • Reino moral-onde se processam os fenômenos morais. Como por exemplo: a família, a escola, o trabalho, a religião.
  • Estados coletivos-o individuo em seus diferentes momentos com diferentes comportamentos (individual e coletivo).
  • Divisão do trabalho social-Se divide em dois tipos básicos: solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.
Solidariedade Mecânica: aquele em que o indivíduo participa de todo o processo da construção do trabalho definindo uma união coletiva em torno da mesma função. Ex. Processos artesanais em que o artesão fabrica a matéria prima que vai utilizar na elaboração do seu produto final.
Solidariedade Orgânica: dentro do processo de construção do trabalho, o indivíduo só participa de determinada função, não de todo processo. Porém as pessoas permanecem juntas porque há uma relação de dependência entre elas. Ex.: funcionários de uma fábrica, cada um cuidando de parte da montagem de um produto separadamente.
  • Coerção exterior: influências que determinam o comportamento do indivíduo.Ex.: moda.
REINO MORAL                  
 FAMÍLIA

ESTADOS COLETIVOS
      
SOLIDARIEDADE MECÂNICA
   
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA
  
COERÇÃO EXTERIOR           



    

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Educação e os seus muitos interesses.

Na capitania da Bahia, em 1550, foi fundado o primeiro colégio jesuíta no Brasil. A educação dada pelos jesuítas , foi conservada desde o período colonial até a segunda metade do século dezoito. Os padres jesuítas, que tinham o papel primordial de catequizar os índios, levando a eles a fé cristã, com o célebre "Ratio atque Instituto Studiorum Societas Jesu", anunciado definitivamente em 1599 e na prática nas escolas de todos os níveis que estavam instituindo em diversos lugares do mundo, transformaram o seu procedimento pedagógico , culminando suas ações na educação em geral e não apenas à catequização dos índios.

A Educação no Brasil, na segunda metade do século dezoito ainda durante o período colonial, foi caracterizada pelas reformas pombalinas, acentuando a competitividade entre o Estado português e a Igreja. Através da ação política do Marquês de Pombal, houve a expulsão da Companhia de Jesus, começando o período pombalino. Com a expulsão dos jesuítas da colônia aconteceu a desarticulação do sistema educacional escolar. Contudo, com a elaboração e promulgação do Alvará Régio de 28 de junho de 1759, foram eliminadas todas as Escolas normatizadas pelo modelo dos jesuítas e se estabeleceu um novo regime, que fez uma intensa censura ao procedimento do "Ratio Studiorum”. Ficou então, sob a coordenação do Estado português o controle definitivo da educação colonial, padronizando a educação na Colônia , supervisionando a ação dos professores e do material didático. Instituiu-se a função do Diretor dos Estudos, que nomearia os professores e fiscalizaria as suas atuações. No entanto, este sistema de ensino era primordialmente usado pelas elites coloniais.

Quando o Brasil assume sua independência política de Portugal, instituindo o estado imperial brasileiro, foi concretizada a criação da Academia de Direito do Largo de São Francisco, que, ficou com a autonomia vigiada pelo Estado.

O ensino do Estado, ficou dividido em duas vertentes: a nacional e a provincial. A vertente nacional tratava dos níveis primário e secundário em relação à corte, e pelo nível superior em todo o país; a vertente provincial responsabilizava-se pelos níveis primário e secundário nas províncias.

Com o aparecimento da república houve a preocupação do ensino básico como responsabilidade do Estado, defendendo a atitude humanitária e patriótica da educação pública, preconizando que seria a exclusiva abertura para o avanço do direito básico do cidadão. No entanto, o que aconteceu foi que as pressões e exigências populares, ficaram só no papel e na fala, sem equacionamentos ou soluções. A atuação do Estado na educação, se deu de modo desinteressado e sem pressões populares, sem cobranças efetivas.

Ao longo do percurso histórico e político, as ações do Estado oscilam ao sabor da temporada política. A educação como função do Estado é eminentemente um fenômeno histórico e político. A escola pública que temos é a escola pública que o Estado nos quer contemplar, e este é o objetivo da dominação ideológica e da manutenção da ordem social. A escola que queremos, não é aquela que o Estado capitalista quer. De acordo com Frigotto, “o papel da educação na ideologia capitalista atual, expressado pelo conceito de empregabilidade, é produzir um “cidadão mínimo” carente de capacidades cívicas. Ele discute que o capitalismo é destrutivo e precisa ser substituído por um sistema mais humano”. De acordo com Gentili, “Educados num sistema escolar pulverizado e segmentado, coabitados por circuitos educacionais de oportunidades e qualidades diversas; oportunidades e qualidades que mudam conforme a condição social dos assuntos e os recursos econômicos que eles têm para acessar a privilegiada esfera dos direitos da cidadania”, ressalta com esse pensamento a desigualdade dos sistemas escolares na América Latina .

Manifesto minha preocupação com a educação no Brasil, pois proporcionar a qualidade de ensino e a gestão democrática da escola levaria a invalidação da sustentação do poder amparada pelo Estado capitalista. A consumação de um processo educacional para um cidadão de fato e não apenas de direito, traria conflitos com o Estado que, enquanto mantenedor e administrador dessa educação, não teria o menor interesse em mantê-la nessas categorias. A escola que queremos, é a escola que temos, proporcionada pelo Estado, e não a escola sonhada e idealizada.
Referências: Capitalismo, Trabalho e Educação .

Autora: Amelia Hamze

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Origem do Capitalismo


O sistema capitalista foi implementado ao longo de uma extensa experiência histórica.

A explicação sobre as origens do capitalismo remonta uma história de longa duração onde nos deparamos com as mais diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Em geral, compreendemos a deflagração desse processo com o renascimento comercial experimentado nos primeiros séculos da Baixa Idade Média. Nesse período, vemos uma transformação no caráter auto-suficiente das propriedades feudais onde as terras começaram a ser arrendadas e a mão-de-obra começou a ser remunerada com um salário.

Essas primeiras mudanças vieram junto do surgimento de uma classe de comerciantes e artesãos que viviam à margem da unidade feudal habitando uma região externa, chamada de burgo. Foi baseado nesse nome que a classe social anteriormente referida ganhou o nome de burguesia. A burguesia medieval implantou uma nova configuração à economia européia onde a busca pelo lucro e a circulação de bens a serem comercializados em diferentes regiões ganharam maior espaço.

A prática comercial experimentada imprimiu uma nova lógica econômica onde o comerciante substituiu a valor-de-uso das mercadorias pelo seu valor-de-troca. Isso fez com que a economia começasse a se basear em cima de quantias que determinavam numericamente o valor de cada mercadoria. Dessa maneira, o comerciante deixou de julgar o valor das mercadorias tendo como base sua utilidade e demanda, para calcular custos e lucros a serem convertidos em uma determinada quantia monetária.

Com esse processo de monetarização, o comerciante passou a trabalhar tendo como fim máximo a obtenção de lucros e o acúmulo de capitais. Essa prática exigiu uma constante demanda pela expansão do comércio e assim, nos fins da Idade Média, incitou a crescente classe comerciante burguesa a apoiar a formação de Estados Nacionais. Aliado ao poderio militar da nobreza, os burgueses passaram a contar com o fomento político para dominar novos mercados, regular impostos e padronizar moedas.

Essas transformações que marcaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna incentivaram o nascimento do chamado capitalismo mercantil e das grandes navegações. Nesse contexto, os Estados Nacionais incentivaram a descoberta e o domínio de novas áreas de exploração econômica por meio do processo de colonização. Foi nessa época que os continentes americano e africano passaram a integrar uma economia mundialmente articulada aos interesses das poderosas nações européias.

Além de possibilitar uma impressionante acumulação de riquezas, o capitalismo mercantil criou uma economia de aspecto concorrencial onde as potências econômicas buscavam acordos, implantavam tarifas e promoveram guerras com o objetivo de ampliar suas perspectivas comerciais. No entanto, a relação harmônica entre a burguesia e os monarcas ganhou uma nova feição na medida em que a manutenção dos privilégios da nobreza se transformava em um empecilho ao desenvolvimento burguês.

Foi nesse período que os princípios da filosofia iluminista defenderam uma maior autonomia das instituições políticas e criticou a ação autoritária da realeza. Foi nesse contexto de valores que as revoluções liberais foram iniciadas pela convulsão sócio-política que ganhou espaço na Inglaterra do século XVII. Na ilha britânica observamos a primeira experiência de limitação do poder real em favor de uma maior autonomia da economia durante o processo da Revolução Inglesa.

Pela primeira vez, as autoridades monárquicas passaram a estar submetidas ao interesse de outro poder com forte capacidade de intervenção política. Essa mudança na Inglaterra beneficiou diretamente a burguesia nacional ao conceder maiores liberdades para empreender acordos diplomáticos e articular os diversos setores da economia britânica ao interesse das atividades comerciais. Não é por acaso que foi nesse mesmo lugar que o capitalismo passou a ganhar novas forças com a Revolução Industrial.

A experiência da revolução imprimiu um novo ritmo de progresso tecnológico e integração da economia onde percebemos as feições mais próximas da economia experimentada no mundo contemporâneo. O desenvolvimento tecnológico, a obtenção de matérias-primas a baixo custo e a expansão dos mercados consumidores fez com que o sistema capitalista conseguisse gerar uma situação de extrema ambigüidade: o ápice do enriquecimento das elites capitalistas e o empobrecimento da classe operária.

Chegando ao século XIX, percebemos que o capitalismo promoveu uma riqueza custeada pela exploração da mão-de-obra e a formação de grandes monopólios industriais. Nesse período vemos a ascensão das doutrinas socialistas em franca contraposição ao modelo de desenvolvimento social, econômico e político trazido pelo sistema capitalista. Mesmo movendo diversas revoluções e levantes contra o sistema, o socialismo não conseguiu interromper o processo de desenvolvimento do capital.

No século passado, o capitalismo viveu diversos momentos de crise onde percebemos claramente os problemas de sua lógica de crescimento permanente. Apesar disso, vemos que novas formas de rearticulação das políticas econômicas e o afamado progresso tecnológico conseguiram dar suporte para que o capitalismo alcançasse novas fronteiras. Com isso, muitos chegam a acreditar que seria impossível imaginar um outro mundo fora do capitalismo.

No entanto, seria mesmo plausível afirmar que o capitalismo nunca teria um fim? Para uma afirmativa tão segura e linear como essa, podemos somente lançar a mão do tempo e de suas transformações para que novas perspectivas possam oferecer uma nova forma de desenvolvimento. Sendo imortal ou mortal, o capitalismo ainda se faz presente em nossas vidas sob formas que se reconfiguram com uma velocidade cada vez mais surpreendente.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola


    Analizando o texto acima  podemos observar que o capitalismo foi inserido na sociedade quando o sistema de trocas já não era suficientemente agradável para as partes interessadas. Mas, atualmente o capitalismo, já não se importa com o interesse de ambas as partes... o lucro em si é mais interessante...e, aquele que não põe o lucro em primeiro plano, não valoriza seu capital!
    Nesta visão, o capitalismo deixou de favorecer o crescimento da sociedade para favorecer apenas uma parte dela. Se antes se valorizava o trabalho artesanal, com a industrialização, ele ficou banalizado a meras partes fragmentadas. E o capitalismo fez com que cada uma destas partes tivesse um valor, mas quem fabricava as mesmas, não tinha tanto, poderia ser substituído! E isto ocorre até hoje, mesmo com todos os direitos conquistados pelo trabalhador, um dever ele não conquistou: o de se valorizar!
Por isto as desigualdades estão aí,de todos os tipos e tamanhos: grandes para quem não valoriza o seu trabalho e oportuna para quem lucra com isto!
     Então...valorize-se!!!              
                                                            

Pontos  a ponderarmos juntas p/ a  próxima postagem:    

 Onde o contexto social de Durkheim se insere no capitalismo?
 O que podemos observar de atual neste contexto ainda ?

                                                                  Um beijão: Lúcia Quevedo.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Normal ou Natural?


 http://www.meionorte.com/imagens/COL483O-Messias-brasileiro-se-chama-Educacao.JPG

Oi seres humanos!
Aqui é a Jheini. Hoje vou postar uma experiência minha pra vocês refletirem um pouco. Até por que nem todo mundo tem o dever de pensar igual, não é?!

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Normal ou natural?

Quando eu estava no ensino fundamental conheci um professor que marcou muito a minha vida. Ele me deu aula de uma certa matéria da 4º até a 7º série, sendo que na 6º eu mudei de turma pra não ter mais aula com ele... Mas o infeliz mudou também.
  O motivo de todo esse “perrengue” é simples, ele não queria ensinar. Aliás, ele tinha um pouco de raiva quando um aluno aprendia. Quando eu gabaritava as provas dele era natural eu ouvir um pouco de ironia na sua voz. Porém em um dia especial na 7º série ele chegou na sala de aula com o “santo baixado”, jogou a matéria no quadro e simplesmente disse que era pra nós explicarmos. Fiquei pasma!
  Como pode alguém que se intitula professor fazer uma coisa dessas?
Lógico que eu, a aluninha querida (ironia ta gente, ele me odeia), fui reclamar, e disse que ninguém da turma sabia aquele conteúdo. Sabe o que ele me disse? Que então todos na turma eram BURROS (isso mesmo) por não saber, por que é normal que qualquer um com o mínimo de inteligência saberia entender sem explicações. Eu disse pra ele algo que me fez pensar muito hoje: “Não é normal não professor, é natural que saibam, mas não é normal!”
 Você conseguiu acompanhar o meu raciocínio? Eu quis dizer que não existe “normal” mas sim “natural”, afinal, é natural que um aluno aprenda que 1+1 = 2 contando nos dedos, mas pode ter um que só aprenda se nós explicarmos contando com maças, logo, não é normal e sim natural.
  Hoje ao refletir mais sobre isso, notei que essa “teoria” deve fazer moradia perpétua na cabeça de um professor. Pelo simples fato de que vamos lidar com mentes criadas nos mais diversos meios, portanto será normal que aprendam de jeitos diferentes. O que parece óbvio pra nós, pode não ser tão óbvio pro outro, e no fundo o que vale é que o outro aprenda. Se chegarmos na sala de aula certos que será “normal” que o conteúdo seja de fácil aprendizagem  ficaremos frustrados com qualquer dúvida boba que possa surgir, e isso é tão terrível pra gente como é pro aluno.
  Por isso que digo pra vocês, exercitem o natural. Eliminem de vez essa história de normal, pois na aprendizagem isso não existe. Insistir nisso é apenas adiantar uma possível carreira frustrada e alunos traumatizados (como eu) ou sem o real conhecimento que você foi contratado pra proporcionar.

Bom, por hoje era isso.
Beijos pessoas!
Até a próxima!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Émile Durkheim - O criador da sociologia da educação

Foto: Bettmann/CORBIS
Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito – o jovem bruto –, segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas.

Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.

Nessa concepção durkheimiana – também chamada de funcionalista –, as consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento – que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela", escreveu Durkheim.

Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo. "Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo, não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o pensador.



Durkheim e a educação: padrão social
Sala de aula
 na França: adultos como responsáveis pela socialização dos jovens. 
Foto:  Bert Hardy/Getty Images
Sala de aula na França: adultos como
responsáveis pela socialização dos jovens.
Foto: Bert Hardy/Getty Images
A elaboração, adoção e socialização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foi uma grande conquista para a educação brasileira. Houve padronização na indicação dos conteúdos curriculares e uma clara demonstração do que o governo espera dos jovens que deixarão os bancos escolares nos próximos anos. Para o professor Dermeval Saviani, da Unicamp, esse fato tem certa relação com as concepções de Durkheim. "Os currículos são sugeridos para todos. Esses documentos mostram as necessidades da sociedade. Agora, cabe aos estabelecimentos de ensino pegar essas indicações e moldá-las aos estudantes", explica. "A idéia de fundo é colocar as pessoas certas nos lugares certos, onde a comunidade precisa", diz.


Fonte:
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  De que maneira nós, como futuros professores, poderemos utilizar os PCN's no ensino da ciência sem "moldar" os nossos alunos? De que maneira iremos seguir um "padrão" sendo tão revolucionários como deseja o nosso coração?
  Ora meus caros! Ser professor é mais difícil do que imaginamos. Ter que conciliar tarefas incombináveis será parte da nossa rotina. Lembrando sempre: Estamos formando seres humanos!
  Quer tarefa mais divina que essa?