sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A Educação e os seus muitos interesses.

Na capitania da Bahia, em 1550, foi fundado o primeiro colégio jesuíta no Brasil. A educação dada pelos jesuítas , foi conservada desde o período colonial até a segunda metade do século dezoito. Os padres jesuítas, que tinham o papel primordial de catequizar os índios, levando a eles a fé cristã, com o célebre "Ratio atque Instituto Studiorum Societas Jesu", anunciado definitivamente em 1599 e na prática nas escolas de todos os níveis que estavam instituindo em diversos lugares do mundo, transformaram o seu procedimento pedagógico , culminando suas ações na educação em geral e não apenas à catequização dos índios.

A Educação no Brasil, na segunda metade do século dezoito ainda durante o período colonial, foi caracterizada pelas reformas pombalinas, acentuando a competitividade entre o Estado português e a Igreja. Através da ação política do Marquês de Pombal, houve a expulsão da Companhia de Jesus, começando o período pombalino. Com a expulsão dos jesuítas da colônia aconteceu a desarticulação do sistema educacional escolar. Contudo, com a elaboração e promulgação do Alvará Régio de 28 de junho de 1759, foram eliminadas todas as Escolas normatizadas pelo modelo dos jesuítas e se estabeleceu um novo regime, que fez uma intensa censura ao procedimento do "Ratio Studiorum”. Ficou então, sob a coordenação do Estado português o controle definitivo da educação colonial, padronizando a educação na Colônia , supervisionando a ação dos professores e do material didático. Instituiu-se a função do Diretor dos Estudos, que nomearia os professores e fiscalizaria as suas atuações. No entanto, este sistema de ensino era primordialmente usado pelas elites coloniais.

Quando o Brasil assume sua independência política de Portugal, instituindo o estado imperial brasileiro, foi concretizada a criação da Academia de Direito do Largo de São Francisco, que, ficou com a autonomia vigiada pelo Estado.

O ensino do Estado, ficou dividido em duas vertentes: a nacional e a provincial. A vertente nacional tratava dos níveis primário e secundário em relação à corte, e pelo nível superior em todo o país; a vertente provincial responsabilizava-se pelos níveis primário e secundário nas províncias.

Com o aparecimento da república houve a preocupação do ensino básico como responsabilidade do Estado, defendendo a atitude humanitária e patriótica da educação pública, preconizando que seria a exclusiva abertura para o avanço do direito básico do cidadão. No entanto, o que aconteceu foi que as pressões e exigências populares, ficaram só no papel e na fala, sem equacionamentos ou soluções. A atuação do Estado na educação, se deu de modo desinteressado e sem pressões populares, sem cobranças efetivas.

Ao longo do percurso histórico e político, as ações do Estado oscilam ao sabor da temporada política. A educação como função do Estado é eminentemente um fenômeno histórico e político. A escola pública que temos é a escola pública que o Estado nos quer contemplar, e este é o objetivo da dominação ideológica e da manutenção da ordem social. A escola que queremos, não é aquela que o Estado capitalista quer. De acordo com Frigotto, “o papel da educação na ideologia capitalista atual, expressado pelo conceito de empregabilidade, é produzir um “cidadão mínimo” carente de capacidades cívicas. Ele discute que o capitalismo é destrutivo e precisa ser substituído por um sistema mais humano”. De acordo com Gentili, “Educados num sistema escolar pulverizado e segmentado, coabitados por circuitos educacionais de oportunidades e qualidades diversas; oportunidades e qualidades que mudam conforme a condição social dos assuntos e os recursos econômicos que eles têm para acessar a privilegiada esfera dos direitos da cidadania”, ressalta com esse pensamento a desigualdade dos sistemas escolares na América Latina .

Manifesto minha preocupação com a educação no Brasil, pois proporcionar a qualidade de ensino e a gestão democrática da escola levaria a invalidação da sustentação do poder amparada pelo Estado capitalista. A consumação de um processo educacional para um cidadão de fato e não apenas de direito, traria conflitos com o Estado que, enquanto mantenedor e administrador dessa educação, não teria o menor interesse em mantê-la nessas categorias. A escola que queremos, é a escola que temos, proporcionada pelo Estado, e não a escola sonhada e idealizada.
Referências: Capitalismo, Trabalho e Educação .

Autora: Amelia Hamze

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Origem do Capitalismo


O sistema capitalista foi implementado ao longo de uma extensa experiência histórica.

A explicação sobre as origens do capitalismo remonta uma história de longa duração onde nos deparamos com as mais diversas experiências políticas, sociais e econômicas. Em geral, compreendemos a deflagração desse processo com o renascimento comercial experimentado nos primeiros séculos da Baixa Idade Média. Nesse período, vemos uma transformação no caráter auto-suficiente das propriedades feudais onde as terras começaram a ser arrendadas e a mão-de-obra começou a ser remunerada com um salário.

Essas primeiras mudanças vieram junto do surgimento de uma classe de comerciantes e artesãos que viviam à margem da unidade feudal habitando uma região externa, chamada de burgo. Foi baseado nesse nome que a classe social anteriormente referida ganhou o nome de burguesia. A burguesia medieval implantou uma nova configuração à economia européia onde a busca pelo lucro e a circulação de bens a serem comercializados em diferentes regiões ganharam maior espaço.

A prática comercial experimentada imprimiu uma nova lógica econômica onde o comerciante substituiu a valor-de-uso das mercadorias pelo seu valor-de-troca. Isso fez com que a economia começasse a se basear em cima de quantias que determinavam numericamente o valor de cada mercadoria. Dessa maneira, o comerciante deixou de julgar o valor das mercadorias tendo como base sua utilidade e demanda, para calcular custos e lucros a serem convertidos em uma determinada quantia monetária.

Com esse processo de monetarização, o comerciante passou a trabalhar tendo como fim máximo a obtenção de lucros e o acúmulo de capitais. Essa prática exigiu uma constante demanda pela expansão do comércio e assim, nos fins da Idade Média, incitou a crescente classe comerciante burguesa a apoiar a formação de Estados Nacionais. Aliado ao poderio militar da nobreza, os burgueses passaram a contar com o fomento político para dominar novos mercados, regular impostos e padronizar moedas.

Essas transformações que marcaram a passagem da Idade Média para a Idade Moderna incentivaram o nascimento do chamado capitalismo mercantil e das grandes navegações. Nesse contexto, os Estados Nacionais incentivaram a descoberta e o domínio de novas áreas de exploração econômica por meio do processo de colonização. Foi nessa época que os continentes americano e africano passaram a integrar uma economia mundialmente articulada aos interesses das poderosas nações européias.

Além de possibilitar uma impressionante acumulação de riquezas, o capitalismo mercantil criou uma economia de aspecto concorrencial onde as potências econômicas buscavam acordos, implantavam tarifas e promoveram guerras com o objetivo de ampliar suas perspectivas comerciais. No entanto, a relação harmônica entre a burguesia e os monarcas ganhou uma nova feição na medida em que a manutenção dos privilégios da nobreza se transformava em um empecilho ao desenvolvimento burguês.

Foi nesse período que os princípios da filosofia iluminista defenderam uma maior autonomia das instituições políticas e criticou a ação autoritária da realeza. Foi nesse contexto de valores que as revoluções liberais foram iniciadas pela convulsão sócio-política que ganhou espaço na Inglaterra do século XVII. Na ilha britânica observamos a primeira experiência de limitação do poder real em favor de uma maior autonomia da economia durante o processo da Revolução Inglesa.

Pela primeira vez, as autoridades monárquicas passaram a estar submetidas ao interesse de outro poder com forte capacidade de intervenção política. Essa mudança na Inglaterra beneficiou diretamente a burguesia nacional ao conceder maiores liberdades para empreender acordos diplomáticos e articular os diversos setores da economia britânica ao interesse das atividades comerciais. Não é por acaso que foi nesse mesmo lugar que o capitalismo passou a ganhar novas forças com a Revolução Industrial.

A experiência da revolução imprimiu um novo ritmo de progresso tecnológico e integração da economia onde percebemos as feições mais próximas da economia experimentada no mundo contemporâneo. O desenvolvimento tecnológico, a obtenção de matérias-primas a baixo custo e a expansão dos mercados consumidores fez com que o sistema capitalista conseguisse gerar uma situação de extrema ambigüidade: o ápice do enriquecimento das elites capitalistas e o empobrecimento da classe operária.

Chegando ao século XIX, percebemos que o capitalismo promoveu uma riqueza custeada pela exploração da mão-de-obra e a formação de grandes monopólios industriais. Nesse período vemos a ascensão das doutrinas socialistas em franca contraposição ao modelo de desenvolvimento social, econômico e político trazido pelo sistema capitalista. Mesmo movendo diversas revoluções e levantes contra o sistema, o socialismo não conseguiu interromper o processo de desenvolvimento do capital.

No século passado, o capitalismo viveu diversos momentos de crise onde percebemos claramente os problemas de sua lógica de crescimento permanente. Apesar disso, vemos que novas formas de rearticulação das políticas econômicas e o afamado progresso tecnológico conseguiram dar suporte para que o capitalismo alcançasse novas fronteiras. Com isso, muitos chegam a acreditar que seria impossível imaginar um outro mundo fora do capitalismo.

No entanto, seria mesmo plausível afirmar que o capitalismo nunca teria um fim? Para uma afirmativa tão segura e linear como essa, podemos somente lançar a mão do tempo e de suas transformações para que novas perspectivas possam oferecer uma nova forma de desenvolvimento. Sendo imortal ou mortal, o capitalismo ainda se faz presente em nossas vidas sob formas que se reconfiguram com uma velocidade cada vez mais surpreendente.


Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola


    Analizando o texto acima  podemos observar que o capitalismo foi inserido na sociedade quando o sistema de trocas já não era suficientemente agradável para as partes interessadas. Mas, atualmente o capitalismo, já não se importa com o interesse de ambas as partes... o lucro em si é mais interessante...e, aquele que não põe o lucro em primeiro plano, não valoriza seu capital!
    Nesta visão, o capitalismo deixou de favorecer o crescimento da sociedade para favorecer apenas uma parte dela. Se antes se valorizava o trabalho artesanal, com a industrialização, ele ficou banalizado a meras partes fragmentadas. E o capitalismo fez com que cada uma destas partes tivesse um valor, mas quem fabricava as mesmas, não tinha tanto, poderia ser substituído! E isto ocorre até hoje, mesmo com todos os direitos conquistados pelo trabalhador, um dever ele não conquistou: o de se valorizar!
Por isto as desigualdades estão aí,de todos os tipos e tamanhos: grandes para quem não valoriza o seu trabalho e oportuna para quem lucra com isto!
     Então...valorize-se!!!              
                                                            

Pontos  a ponderarmos juntas p/ a  próxima postagem:    

 Onde o contexto social de Durkheim se insere no capitalismo?
 O que podemos observar de atual neste contexto ainda ?

                                                                  Um beijão: Lúcia Quevedo.